sexta-feira, 6 de junho de 2008

Ecologia, o sentido da preservação – Parte I.


Em pauta


Gostei e muito desse artigo referente ao meio ambiente, comemorado no dia 5 de junho.

Escrito pela estudante de Eng. Ambiental/UFRGS, Silvana Sita - Dep. de Meio Ambiente SVB- Porto Alegre.

Boa leitura!

Ecologia é uma palavra muito vaga para viajante de primeira mão. Na verdade, não sabemos se estamos tratando de algo vivo ou de algum estudo sobre. No dicionário, ecologia quer dizer a parte da biologia que estuda o ser vivo na sua interação com o meio ambiente. Daí que deve vir o engano de muitas pessoas se dizerem ecológicas. Por fins de denominação, na verdade, uma pessoa ecológica seria uma pessoa que estuda essa interação; já por fins de entendimento comum, uma pessoa ecológica é uma pessoa que defende o meio ambiente. Essa última denominação é a que esperamos de uma pessoa dita ecológica, mas as que encontramos por aí se encaixam na primeira.
Com tantas provas evidentes, é difícil você pensar o contrário. Você nunca sabe se o ecologista está “protegendo” o meio ambiente por ele (o meio ambiente) em si ter esse direito ou se está fazendo isso para se proteger. Na verdade, o que motiva uma pessoa a ser ecologista?
Nessa questão, muitos aspectos estão escondidos. Para alguns, conta a questão da consciência, mesmo que não descarada; principalmente quem tenta seguir uma vida ética entende perfeitamente que a forma como nós vivemos não é sustentável, logo não é ética, e, portanto, essas pessoas defendem um ambiente ecologicamente equilibrado. Para outros, o interesse é diferente: preservar o ambiente em que vivem para, assim, terem mais qualidade de vida. Para outros, ainda, é mais uma forma de ganhar dinheiro, já que este assunto já se tornou um problema global. Há ainda aqueles que acham a palavra bonita e o objetivo simpático e, daí, se dizem ecologistas. Das diferentes formas que citei para uma pessoa se dizer ecologista, todas elas seguem para o mesmo caminho, o interesse próprio e egoísta, implícito ou explícito. O homem, uma única espécie, se equipara em importância ao resto da Terra, incontáveis outras espécies; ou seja, se sentindo de alta consciência e sabedoria, as pessoas ditas ecologistas colocam, no mesmo patamar, uma única espécie e o resto todo da Terra. Até aonde vai o nosso egocentrismo? Afinal, para que temos que preservar o meio ambiente se não para nós? Parece evidente que, quando você se depara com a notícia de que um ecologista que acabou de ceder volumosos hectares para unidades de conservação possui, na mesma, um centro de estudos no qual abriga 250 mil insetos mortos como coleção, esse ecologista não está realmente preservando o meio ambiente para os seres que ali habitam. Qual o interesse do homem em preservar uma espécie se mata membros desta para “estudos”?
De que adianta lutar pela preservação da espécie se não se tem o mínimo respeito com a preservação da vida do indivíduo? A verdade é que tratamos os outros animais como coisas, seres que não possuem individualidade, que só possuem o seu valor em conjunto por manterem um ambiente equilibrado e, com isso, favorecer o nosso ambiente. Quando tratamos de pessoas, somos capazes de mover céus e terras para salvar uma criança que nasceu com problemas congênitos. Não fazemos a ligação que o mundo conta com 6,5 bilhões de habitantes, e, portanto, mais um não tem importância. Se não usamos essa lógica com humanos, por que usamos com os outros animais?
A visão que temos de um ecologista é a de uma pessoa que defende o equilíbrio das coisas, mas nunca paramos para nos perguntar qual o real sentido disso. Matamos milhões de animais todos os dias, mas, se surge o fato de que a ave endêmica de patas azuis de Galápagos está em extinção, todos os ecologistas e demais pessoas ficam abaladas. Qual o sentido real de se preservar uma espécie? Matamos milhões de sardinhas porque há muitas no mar, mas caímos em cima de quem mata a ave de patas azuis em extinção. Para o indivíduo, tanto faz se há muitos ou poucos de sua espécie; depois de sua morte, isso não faz mais diferença. Se não preservamos as espécies pelos seus indivíduos, a única explicação de preservá-las é que as estamos preservando para nós mesmos. Aí chamo a atenção para as expressões que usamos: “essa área é de preservação ambiental por ser declarada patrimônio da humanidade”. Agora sim, está explicado: preservamos porque achamos engraçadinhas as aves de patas azuis, porque gostamos de estudar coisas diferentes e porque, de alguma forma, elas podem nos beneficiar. Nem muitos dos ecologistas radicais passam por este teste. Eles podem escalar muros, se prender em árvores, fazer passeatas nus, mas muitos estão impregnados com o sentido literal da palavra, estão ali porque querem conhecer mais o meio ambiente e a interação entre os seres, querem o ciclo natural; no entanto, não dão valor para a vida dos indivíduos que compõem todo esse grupo.
Ecologistas não devem parar de comer carne só porque nela está implícita uma série de impactos ambientais; antes de tudo, ecologistas devem parar de comer carne e matar insetos porque, nesses seres, está o real sentido de sua luta.
Fonte-imagem: Getty images

Um comentário:

Pedro Lima disse...

Oi, obrigado por sua visita ao meu blog.
Bela postagem. O que nos faz pensar que somos ecologistas.Na verdade todos nós somos egoístas.
Um abraço.

 
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